Criador: Victor Alexandre
A juventude é hoje, no Brasil, tema central da agenda política, dos debates acadêmicos, da mídia em geral. Essa centralidade é justificada, via de regra, com dois argumentos. Primeiro, o estatístico: os números apontam que os jovens nunca foram e nunca mais serão tantos como hoje. “No ano de 2005, a população na faixa etária de 15 a 24 anos alcançou 35,1 milhões de pessoas, o que representou 19% do total da população brasileira” (Pochmann, 2007). Segundo, por razões de segurança: os jovens são geralmente os protagonistas dos episódios de violência relatados pela mídia, seja no papel de vitimas, seja no de agressores.
Mas há outras razões que motivam o interesse por esse segmento da população. A juventude é comumente considerada “o futuro da nação”. Vivemos, hoje, “tempos sombrios”, como diria Hannah Arendt. A globalização parece ter varrido os paradigmas éticos e da convivência humana centrados na construção do Estado-nação, pilar da sociedade ocidental. O aquecimento global tornou-se uma percepção cotidiana, além de uma certeza científica, trazendo toda uma série de prognósticos mais ou menos aniquiladores sobre a sobrevivência no planeta. O crescimento planetário dos índices de desigualdade e de pobreza, as conseqüências da reestruturação produtiva sobre a organização do trabalho e as oportunidades de emprego e renda e as expectativas frustradas de mobilidade e ascensão social através do acesso à educação são outros fatores que tornaram, no mínimo, ingênua a confiança no progresso que alimentou, na modernidade, o ânimo das histórias coletivas e pessoais. Pais, educadores, cidadãos se perguntam: qual é o futuro possível, hoje, para esses jovens?
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